segunda-feira, outubro 16, 2006

gato e rato

antes do show de chico, resolvemos dedicar uma tarde para a bienal da arte, no ibirapuera. passei pouco tempo por lá - e ainda assim fiz meus pais, irmã e tia esperarem uma boa hora e pouco por mim - mas sai de lá satisfeito. primeiro, eu conferi que, como diria djalma, "a arte é dinâmica e contemporânea". datashows são hoje essenciais para uma exposição. projeções de sombras, imagens, luzes, cores, formas, situações...

inflizmente, lincon, meu pai ifichiano, não estava presente. ele que estudou as bienais e que tira da cartola - da forma mais elegante e apaixonada possível - interpretações dos artistas plásticos e suas obras modernas, pós-modernas e futurísticas, fez muita falta neste giro por lá... certamente seria uma aula para mim apreciar suas análises, que, ao primeiro momento, me podem soar estapafúrdias. mas que vão se revelando "verdades universais" à medida que eu acompanho seu desenvolvimento... dedico-lhe este post, papito!

uma obra que me chamou a atenção foi um filme de alguns poucos minutos; uma cena urbana casual, mas que causa asco à maioria das pessoas. um gato, postado calmamente no asfalto, junto a um carro e a uma calçada onde volta e meia passava um par de pernas, devorava, deglutia, deliciava-se, deleitava-se com um rato cinzento. o gato pacientemente dilacerava em um close fechado pescoço, membros superiores, abdómen, membros inferiores e finalmente a cauda, levantando a cabeça de vez em quando para constatar que nenhum transeunte o incomodaria em seu desjejum.

em frente à imagem projetada na parede, havia uma única cadeira. eu ainda vacilei antes de decidir assistir todo o filmete, mas terminei assumindo o assento solitário. as pessoas que entravam no pavilhão não viam a imagem projetada a princípio, dada a posição da parede. com isso, eu fiquei de frente e volta e meia observei alguns rostos, a princípio interessados em saber o que eu assitia tão confortavelmente postado na cadeira, mas logo em seguida enojados com a cena e prontamente desviados para a próxima obra. de repente me dei conta que eu, ali sentado, observando a cena, fazia parte daquele trabalho. eu servia de isca e espectador para as mais diversas reações das pessoas que passavam...

o tema da bienal: "como viver junto". a disparidade deste tema com a reação das pessoas não foi de todo um espanto. no caos social brasileiro, cenas viscerais como esta do gato e do rato são muito comuns, com uma pequena diferença: substitui-se o rato por um homem, uma mulher, uma criança, um idoso. a reação das pessoas é a mesma: olhar de repúdio, de nojo, indisposição... e rosto virado.

foto: Dimas Josué

3 Comments:

Anonymous Anônimo said...

hahahaha! esse meu filho leva jeito! :) Vem com nóis! Larga essa Petrobrás ae e vem viajar na arte! hahahaha!
Foi uma análise belíssima. Papai ficô contente! ;)
E obrigado pela homenagem. Me emocionô pra porra.
Beijo grande meu velho! Saudade do c!

10:11 PM  
Blogger George Bezerra said...

Caramba b4, que foto maaaassa! Tá tirando onda, ahaha. Rapaz, fiquei meio nessa onda: "Como viver junto"? Nada a ver como o momento. O que passa na cabeça dessa galera?

Abraços!

2:57 AM  
Anonymous Anônimo said...

B4 Sua Puta!

Como vêm a São Paulo e não liga em casa,
tudo bem se fosse prá ver o spfc,
eu nem queria conversa,
mas a Bienal dá jogo e Mariana tá tramprando de
guia por lá.

Abraços Corinthianos,
Dudarov Men

5:56 PM  

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