quarta-feira, maio 16, 2007

Acordou às 5h. Foi à padaria, fez um café. Tinha mais uma manhã pela frente. A solidão, a oficina do diabo, uma sobriedade indesejada, apesar das 8h da manhã. Ou talvez o tempo nublado, um vento frio achando que está fazendo inverno sozinho, uma sensação de velório num domingo há muito passado. Não é um dia normal. A manhã estava mais custosa que o habitual, morosa, devagar.
O trompete soava no ar esquisito, querendo quebrar a tônica do mundo à sua volta. Parecia mais seco e utópico do que geralmente. Faltava algo que não se podia explicar, não se sabia o que. Insistiu um pouco, até que não suportou. Mudou o tom, consternado, subjugado pelas forças ocultas ao seu redor. Passou a concordar com a tristeza de tudo.
Tudo o que tem a fazer é levantar-se, movimentar-se. Mas preferiu deitar mais um pouco e esperar a manhã terminar. O meio-dia sempre o alegrava. Escalava as horas até chegar a ele e, depois, tudo pareceria mais fácil, ladeira abaixo rumo ao ocaso. Surfou na melodia triste do blues, sonhou com bares que nunca esteve e pessoas de quem já tinha ouvido falar.
Abriu os olhos um pouco depois das 10h. Aquela ainda seria uma longa manhã de chuva.