quinta-feira, novembro 30, 2006

Rio e Bahia

Ontem fiz minha úlima prova no curso aqui em Salvador. À tarde, depois de resolver alguns parangolés, fui encontrar dois amigos no Porto da Barra: um gaúcho radicado no Rio e um carioca da gema. Conversamos muito sobre o Rio e, como a carruagem de Helios já estava rumando ladeira abaixo em direção à ilha de Itaparica, espelhada nas águas calmas da Baía de Todos os Santos, o cenário era propício para que o papo pendesse para as praias cariocas.

Admito que estou extremamente empolgado com esta ida para o Rio! E ontem, enquanto conversava com Diab e Guilherme, uma música me veio à cabeça:

Lá e Cá
Lenine/Sérgio Natureza

Mangueira, Ilê Ayê e viva o baticum
Quando a Padre Miguel encontra com Olodum
Caymmi com Noel, no Tom maior Jobim
A Penha, a Candelária, o Senhor do Bonfim

Irmão São Salvador e São Sebastião
Tamborim, berimbau na marcação
Pontal do Arpoador, final de Itapoã
Meninos do Pelô, da Flor do Amanhã

Diga aí, diga lá
Você já foi à Bahia, nega? Não? Então vá
Diga lá, diga aí
Você já foi até o Rio, nego? Não? Tem que ir

Rocinha faz parelha lá com Curuzu
Centelha, luz, axé que vem do fundo azul
Do céu, do mar, de Maré até Maricá
No reino de água e sal de mãe Iemanjá

É tanta coisa afim, tanto lá, como cá
Tem Barras, Piedades e Jardim de Alah
São trios e afoxés
Blocos de empolgação
De arranco, negro e branco
Tudo de roldão

Diga aí, diga lá
Você já foi à Bahia, nega? Não? Então vá
Diga lá, diga aí
Você já foi até o Rio, nego? Não? Tem que ir

João, Benjor, Cartola
da Viola, Gil, Velô
Coquejo, Alcyvando
Chico, Ciro, Osmar, Dodô

Geraldos e Ederaldos
Elton, Candeia e Xangô
Rufino, Aldir, Patinhas
da Vila, Ismael, Melô

Monsueto e Batatinha
Silas, Ciata e Sinhô
Salve Mãe Menininha
Clementina voz da cor

Alô, Carlos Cachaça "pedra noventa", falou...
falei: Rio e Bahia... simpatia é quase amor...
Diga aí, diga lá...



Rio, tô chegando!

sábado, novembro 25, 2006

Laptops de U$100

Está para ser aprovado um projeto que tem tudo para ser revolucionário. Lula recebeu na última Sexta-feira representantes da OLPC: One Laptop per Child, e confirmou o interesse do Brasil em se tornar o país pioneiro no projeto, montando computadores portáteis que devem ser utilizados em projetos educacionais já em 2007.

Laptop desenvolvido pelo MIT Media Lab

A OLPC nasceu nos corredores do MIT-Media Lab, um dos maiores centros tecnológicos do mundo, de onde vieram publicações antológicas de Seymour Papert e Marvin Minsky, dentre outros. O projeto trata-se de uma iniciativa para a inclusão digital a baixo custo e prevê a distribuição de laptops, com um preço de custo na casa dos U$100 (!), entre crianças de escolas secundárias, custeada, é claro, pelo governo federal.

A tecnologia dos computadores exigiu que os pesquisadores do Media Lab repensassem os laptops. Não se trata de uma versão mais barata dos notebooks comerciais, mas de um novo conceito em termos de hardware, que inclui uma tela com dois modos de operação, colorido e preto-e-branco, de baixo consumo, e até uma fonte de energia mecânica para a máquina. Outra característica interessante dos laptops é a sua conectividade. Os computadores serão interligados através de uma rede mesh, onde cada máquinha é um receptor e transmissor de dados (funcionando, inclusive, com o micro desligado) pelo modo ad hoc. Cada computador funciona como um nó da rede sem fios, extendendo o alcance de transmissão de dados para um raio em volta de si. Dessa forma, os computadores não precisam se comunicar diretamente com um terminal central, com o qual todos se comunicariam, mas basta que apenas um computador esteja no raio de alcance deste nó principal para que outras máquinas ao seu redor tenham acesso à transmissão e recepção de dados.

A tecnologia desenvolvida pelo MIT, associada a softwares livres e uma produção em larga escala (da ordem de 5 milhões de máquinas), permitem a estimação de custo em U$100 por unidade.

O maior problema deste tipo de iniciativa no Brasil é uma história que todos nós já ouvimos. Como garantir que, implantado e difundido o projeto, os laptops enviados para a escola municipal de Santo Inácio do Ribeirão Vermelho, no interior do Pernambuco, cheguem às casas dos alunos e não ao quarto do filho do Cel. Gedimar, prefeito da cidade? Este tipo de pensamento não pode barrar projetos como esse, mas deve-se tomar muito cuidado para que uma iniciativa de inclusão social dessa proporção não se torne apenas mais uma propagando eleitoral. Ainda mais quando, segundo um burburinho na rádio pião, o projeto já começa com uma leve oposição do MEC, que estaria apresentando uma preferência ao laptop da Microsoft, com um custo 5 vezes maior...


domingo, novembro 12, 2006

Não tem jeito. As ruas de Salvador são uma merda mesmo.

Nos quase 8 anos que morei em Campinas, praticamente não pegava engarrafamentos. Salvo uma ou outra ida para o centro ou para São Paulo, eu dirigia nas pacatas ruas de Barão Geraldo, ou no meio da manhã indo pra Unicamp ou às 11 da noite saindo da aula para casa (ou para o bar...).

Desde julho, estou de volta ao trânsito caótico de Salvador, repleto de motoristas mal educados, barulhentos e ignorantes. E o pior é que estou descobrindo que isto é altamente contagioso...

Sinalizar antes de mudar de faixa é uma utopia por aqui. Mas não é por acaso: se um carro dá seta para trocar de pista, o outro acelera para lhe tomar a frente. A solução encontrada pelos baianos é o que a galera de minha sala chamava de "mudança instantânea de faixa", manobra que, segundo reza a lenda, era especialidade de nosso colega "Miseravão" (por sinal, soteropolitano).

Outro as aspecto interessante das ruas soteropolitanas é a musicalidade. Todo mundo sabe que a Bahia é um dos principais celeiros musicais do Brasil. Não contar com essa sonoridade no trânsito seria até um desperdício. Assim, as buzinas são acionadas por todo e qualquer motivo, gerando uma sinfonia irritante nas ruas de Salvador.

Finalmente chegamos às rotatórias, também conhecidas como rótulas por aqui. Atenção turistas e demais motoristas de outros estados: na Bahia, quem está na rotatória NÃO TEM PREFERÊNCIA. É um absurdo! Perto de minha casa (na rotatória do Ponto 7, na Pituba), é um mangue total. Quando chego na rotatória vindo da orla e paro, advinha o que o motorista que vem atrás faz? Buzina, claro. Quando estou na rótula e não paro para quem vem da orla, advinha o que acontece? Mais buzina. Como serviço de utilidade pública, vou transcrever o Código de Trânsito Brasileiro (Cap. III, Art. 29):

III - quando veículos, transitando por fluxos que se cruzem, se aproximarem de local não sinalizado, terá preferência de passagem:

a) no caso de apenas um fluxo ser proveniente de rodovia, aquele que estiver circulando por ela;

b) no caso de rotatória, aquele que estiver circulando por ela;

c) nos demais casos, o que vier pela direita do condutor;


Tenho dirigido muito pouco nos horários de pico. Saio de casa por volta das 7:30 para uma viagem de 15 minutos apenas. Na hora do almoço, mais dois percursos iguais a este e pronto. A volta já não é mais em horário de muito movimmento. Mesmo assim, estou cada vez mais soteropolitano na direção.

Dar passagem? AONDE!!!!!!??????? Na minha frente? COLÉ!!!????

Quem me chamou atenção para este fato foi meu primo, que esteve por aqui semana passada. Segundo ele, estou com uma "direção muito agressiva". Realmente não tenho sido o motorista mais solícito no que se refere a dar passagem. Mas eu faço questão de, na rotatória do Ponto 7, por exemplo, mostrar de quem é a preferência. Eu acho que estou fazendo minha parte dessa forma... Claro que eu tento fazer isso com certa responsabilidade, pois apesar de ter saber quem estaria errado numa eventual bbatida, eu sei a dor de cabeça que isso traria.


Hora do rush em Salvador


sexta-feira, novembro 10, 2006

Reencontro...

No feriadão de novembro aconteceu um encontro que não acontecia há uns 8 anos. Quando eu tinha dois anos, meus pais se mudaram para um dos bairros mais populosos de Salvador: Brotas. Moramos na famosa rua Miguel Gustavo, no não menos famoso edifício Acará. Eu no 501; Vítor no 202 e Bruno (Papel) no 901. Raffaelli, que até entrar na UFPB morava em Juazeiro, passava os verões em casa.
É fato que, na época do Acará, Raffa era mais o meu elo de ligação com o pessoal do prédio do que o contrário. Nos verões eu me aproximava da galera por causa dele: eu não era o pré-adolescente mais sociável que já existiu...
A bem da verdade, a amizade de nós quatro evoluiu quando Papel se mudou para a Pituba e um ou dois anos depois (1996) eu me mudei para a mesma rua. Eu havia acabado de voltar de um intercâmbio de 6 meses nos EUA, que por sinal (como Vitão faz questão de lembrar sempre) foi um ponto de inflexão no meu estilo de vida, comportamento, relacionamentos, etc, etc, etc. Os verões se transferiram para a Pituba, mas os babas permaneceram no Acará. A amizade dos quatro se fortaleceu.

Alguns momentos:
São João de 1997 (meu penúltimo São João baiano!!), viagem para Amargosa com Papel.
Revellon de 97/98, os quatro viajamos - com mais uma batera - para a Ilha de Itaparica, para uma temporada na casa de Papel... Muitas, muitas resenhas, risadas e apelidos.
Verão de 1998, um marco. Algo em torno de uma semana em Guarajuba gerou ainda mais resenhas, apelidos e risadas que sempre vêm à tona; só faltou Papel.
Em 2000, com Raffa já em João Pessoa e eu em Campinas, fui com Papel subindo o Nordeste de buzu: Porto de Galinhas, Recife, Pipa, Natal e pra finalizar, voltando, uma semana na casa de Raffa na Paraíba... Já não bolávamos mais tantos apelidos, mas as risadas e as resenhas continuaram...

Finalmente, chegamos ao feriadão do início do mês! Raffa veio para Salvador e os casados (i.e., todos menos eu) deram um jeito com suas respectivas para podermos conversar. Foi difícil conciliar, ainda mais porque Papel estava de partida para o Rio de Janeiro, onde ficará pelos próximos 6 meses (pelo menos... hehehehe). Na Sexta, fui com Papel e Raffa saindo de Salvador direto para Praia do Forte, encontrar Vitão. Social com a namorada de Vítor e uma galerinha conhecida dela e lá pra meia-noite fomos para um botecão no meio da "Avenida" de PF. Foi praticamente uma berlinda: cada hora um dos quatro era o alvo da conversa, das perguntas, praticamente uma inquisição. Até que o boteco foi ficando vazio... Decidimos ir conversar na praia; peguei o violão, compramos uma garrafa de Licor de Gengibre artesanal no bar de Seu Antônio e fomos pra praça da igreja. Sentamos nos bancos, e tome-lhe resenha, lembranças, risadas, choros, etc.
Quando o sol começou a despontar, praia... Na volta, mingau de Bibi, vitamina de banana, pão na chapa e um telefonema da noiva de Vítor: "8 horas... TENHA PACIÊNCIA!".

O papo rendeu e muito. Falamos sobre investimentos, casamentos, passado, futuro e presente, agonias, expectativas e anseios, pessoas e lugares; falamos um do outro, falamos todos de um... Talvez até tenhamos falado de você que está lendo esse post.

Foi com certeza um encontro pra ficar na memória. O que ficou de mais importante foi a certeza que essa amizade irá durar por muito, muito, muito tempo.

Agora é combinar o próximo reencontro (África do Sul, 2010!!! Aí vamos nós!)....

Fotos em breve...